segunda-feira, 9 de março de 2009

Breve reflexão (pessoal) sobre a importância da leitura


A leitura, tem nas últimas décadas suscitado muitos debates, e o aparecimento de muitos estudos, tanto sobre a sua importância, como sobre os hábitos de leitura das populações. Hoje em dia, é mais necessário do que nunca recorrer aos livros, pois eles permitem-nos um contacto próximo com os escritores de todos os tempos, que nos deram a conhecer a universalidade dos sentimentos, fixando-os em obras imortais e porque a Humanidade herdou através deles o conhecimento e a evolução do pensamento.

Em inícios do século XX, apesar de já existir a escrita, a transmissão oral detinha um papel fundamental, contudo, actualmente seria impossível imaginar a nossa sociedade sem a maravilhosa possibilidade da palavra escrita.

Hélia Correia, afirma no texto O elogio das palavras que: “quando deparo com um tema que dá adquirida a importância de qualquer coisa – assusto-me. Ainda que seja a importância da leitura”. Na verdade hoje em dia a leitura tornou-se uma moda e todas as pessoas sabem que ela é importante, contudo, não basta aceitar esse princípio, pois essa importância só lhe pode ser atribuída, quando a leitura é efectivamente praticada. Estudos revelam que a procura, ou seja o consumo do livro cresceu nas últimas décadas, mas em oposição outros estudos comprovam que a maior parte da população portuguesa não tem hábitos de leitura. O livro, é por demasiadas vezes considerado como um adorno, um objecto de status. O livro tem a conotação de “objecto de cultura”, o que não contesto, mas só assume esse valor quando utilizado, ou seja quando lido.

Muitas pessoas lêem um determinado livro porque este é “badalado” e atingiu os tops de venda. Ler não deve ser uma moda, mas sim um prazer, uma descoberta. Aquando a publicação do 1º volume do Senhor dos Anéis de Tolkien em filme, assistiu-se a uma procura desenfreada pela obra original, esta que já se encontra publicada desde a década de 50, elogiada desde o início pelos mais proeminentes críticos literários, que apesar disso, para imensas pessoas era desconhecida. Lembro-me, de ter sugerido a sua leitura a diversas utentes da biblioteca (antes de surgir nos ecrãs do cinema) e como em relação a tantas outras obras a reacção era do género: “tão grosso, com letras tão pequenas... deve ser uma seca!”. Mais tarde essas mesmas pessoas influenciadas por modas e tendências vieram ansiosamente à procura da obra em questão, o que foi uma surpresa para mim. Algo fez despertar nelas a vontade de ler, o que pode ser um princípio para que se tornem verdadeiros leitores.

O prazer de ler aprende-se e deve ser livre, mas acho que como pessoas “educadoras” devemos ajudar, e não impor, a sua descoberta. Considero que a educação detém um papel fundamental nesta descoberta e acho que se deve privilegiar o contacto da criança com o livro, o que não significa que todas as crianças se tornem leitores fervorosos. Eu adoro ler, adoro o contacto com o livro e tento ler sempre que posso, sentindo uma certa frustração quando o ritmo do dia-a-dia não mo permite. Desde muito cedo tive contacto com o livro. Frequentei a biblioteca a partir dos 3 anos e até aos 14 anos, todas as noites os meus pais me liam uma história ou um capítulo de um livro. Considero que estes aspectos foram muito positivos no meu desenvolvimento. Importa frisar, que embora de importância fulcral, não só a educação é responsável pela paixão pela leitura.

Por outro lado e também por experiência própria, sei que o gosto pela leitura não se adquire apenas na juventude. Ao longo da minha vida conheci várias pessoas que não liam ou manifestavam qualquer interesse pela leitura. Como leitora fervorosa que sou, tentei transmitir-lhes o que um bom livro nos pode proporcionar, e actualmente várias dessas pessoas lêem e lêem com prazer, tendo adquirido essa prática como um hábito.

A leitura reveste uma grande importância. Um dos aspectos que lhe confere esta importância é o facto de ser uma ginástica da inteligência. A nossa mente deve ser treinada e a leitura é um excelente exercício, ela proporciona-nos um alargar do horizonte, pois coloca-nos em contacto com outros mundos, outras mentes e sobretudo porque através da leitura alcançamos a nossa liberdade de escolha. A escolha é apenas possível quando atingimos a capacidade de relativização, esta que é muito importante no combate aos estereótipos, às ideias pré-concebidas. Muitas vezes caímos no erro de assumir posições dogmáticas, sem conhecer todas as perspectivas sobre um determinado assunto.

Ler é viajar... não só pelo prazer, mas também pela importância que a própria leitura detém: ela significa acesso à informação, enriquecimento do imaginário, acesso à formação, combate ao estereótipo, desenvolvimento da capacidade de compreensão e de expressão, fomenta e educa a sensibilidade, provoca e orienta a reflexão e cultiva a inteligência. Mas ler deve ser sobretudo uma escolha livre, pois só assim conseguiremos apreender a sua real importância.
Miriel de Vocht

1 comentário:

  1. As palavras que conhecemos nos bons textos que lemos são um manancial de recursos para exprimirmos os nossos pensamentos. Sem elas tudo se torna banal e fútil.

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