segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Divulgando o fundo local XVII: Peninsulares

Peninsulares de J. Simões Dias

Peninsulares, obra publicada pela primeira vez em 1863, é a compilação dos trabalhos poéticos de José Simões Dias escritos sobretudo entre os seus 18 e 28 anos. Versos amorosos e elegíacos de carácter subjectivo e sabor popular são as características dos poemas que constituem esta obra.

Como escreve Sanches de Frias, biografo e amigo de Simões Dias, a poesia de Simões Dias “é terna, amorosa e acentuadamente nacional e humana” que não envelhecerá nunca “porque tem o selo da beleza eterna. Entretanto acima de todos os juízos, nossos e alheios, está o juízo do povo, que, em rapsódias de larga vulgarização, espalha pelos cegos ambulantes e pela gente dos campos os versos do menestrel (…) quando um poeta, como ele, chega a traduzir em formulas espontâneas, quase inconscientes, profundamente populares, o espírito tradicional da sua raça, corporizando em versos a alma anónima da multidão, esse poeta, que, com tanta justeza, sabe interpretar o sentimento colectivo, conquistou um lugar indisputável na história literária do seu país, a que pertence mais que a si próprio.”

Simões Dias, foi a par de Brás Garcia Mascarenhas, o único poeta da Beira Serra, no século XIX, cuja obra teve repercussão nacional.

Sonata

Acorda, meu amor, abre a vidraça,
Vem ver a noite como é bella agora!
Emquanto a lua nas alturas passa,
Ouve a guitarra que soluça e chora!

Dormes acaso, pomba branca mansa?
Quem te acordará, meu amor perfeito!
Só nunca dorme, nem sequer descança
A immensa fragua que me escalda o peito!

Acorda, acorda, amor; abre a vidraça
A noite é bella, os corações enleia!
Emquanto a lua nas alturas passa,
Ouve a guitarra que por ti anseia!
Leia, porque ler é um prazer!

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