segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Algumas considerações sobre os Contos de Fadas

Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, a criança é capaz de gostar ainda mais, já que a sua capacidade de imaginar é mais intensa. Uma boa história pode levar a criança ao fundo do mar, acima das nuvens, a países distantes, ao futuro e ao passado.

Todos nós, em algum momento da nossa infância, já vivemos sob os encantos dos contos de fadas ou dos contos maravilhosos. Eles existem há milhares de anos, em diversas culturas e continentes. De acordo com Márcia Kupstas, autora de Sete faces dos contos de fadas, os contos de fadas são de origem celta e surgiram como poemas que revelavam amores estranhos, fatais e eternos. Por volta do século II a.c até o século I da era cristã, o povo celta acrescentou, a tantas histórias bem antigas, a presença forte das fadas, que seriam mulheres iluminadas capazes de prever o futuro de outra pessoa, normalmente alguém especial a quem elas protegiam. A partir do século XVII, essas narrativas foram sendo reunidas e recontadas por escritores, como Perault, La Fontaine e os irmãos Grimm, que lhes deram um estilo mais elegante e as traduziram da tradição popular para como as conhecemos hoje.

Os contos de fadas pertencem ao mundo dos arquétipos, são míticos, simbólicos, e mantêm uma estrutura fixa e simples. Histórias claras e personagens bem definidos fazem com que este género de literatura atinja facilmente a mente da criança, entretendo-as e estimulando a sua imaginação, contribuindo assim para a formação e a transformação da sua personalidade. Os contos de fadas têm não só importância em contexto educativo, mas também no desenvolvimento psico-emocional da criança. Através das suas personagens boas e más, dos obstáculos que estas enfrentam e os desfechos nem sempre felizes as crianças começam a perceber o mundo em que estão inseridas.

Na verdade os contos de fadas, as fábulas, os mitos e outros, deixaram de ser vistos como fantasias, para serem pressentidos como portas que se abrem para verdades humanas ocultas. A par da sua componente lúdica e mágica, os contos de fadas falam de amor, de abandonos, de esquecimentos, de morte. De situações que vivemos na realidade e isso incentiva uma reflexão sobre os desafios que temos que enfrentar no dia a dia.

Sendo tão fascinantes, os contos de fadas, abrem as portas para a compreensão do mundo através dos olhos dos autores e da vivência fantástica das personagens. É neste sentido que eles podem conter elementos decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta.

De acordo com Bruno Bettelheim autor da obra Psicanálise dos contos de fadas não cabe ao adulto que conta modificar a história retirando lhe detalhes violentos ou aterrorizantes, tal como não lhe cabe inculcar na criança a sua interpretação. Isso seria destruir o encantamento da própria história e à criança "roubar-lhe a oportunidade de sentir que ela, por sua própria conta, através de repetidas audições e de ruminar acerca da história, é capaz de enfrentar com êxito uma situação difícil."

Miriella de Vocht

Se quer saber mais sobre esta temática consulte:

BETTELHEIM, Bruno - Psicanálise dos contos de fadas. 4ª ed. Venda Nova : Bertrand, 1991. 421 p. ISBN 972-25-0017-1

Oliveira, Patrícia Sueli Teles de – A Contribuição dos contos de fadas no processo de aprendizagem das crianças. [documento em linha] Disponível em:

FARIAS, Francy Rennia Aguiar de; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira - Literatura Infantil: A contribuição dos contos de fadas para a construção do imaginário Infantil.[documento em linha]

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