quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Novidade na Biblioteca: a vida peculiar de um carteiro solitário de Denis Thériault


Uma história apaixonada, original e profunda sobre a perpetuidade da vida, simultaneamente cómica e trágica. Filosófico, com descrições memoráveis e repleto de pormenores, A vida peculiar de um carteiro solitário é um romance inesquecível que evoca a escrita e o imaginário de autores como Haruki Murakami e Julian Barnes.

O carteiro vive uma vida solitária, fazendo rotineiramente as suas rondas. No fim do dia, regressa ao apartamento despojado que partilha com o seu peixinho. Até que descobre uma maneira de quebrar o ciclo e o vazio. O carteiro começa a roubar a correspondência alheia, abre os envelopes com vapor e lê as cartas guardadas no seu interior.

E é assim que o carteiro Bilodo descobre as cartas de Ségolène. Ela corresponde-se com Grandpré, um mestre na arte de bem escrever poesia, e as cartas que ambos trocam são compostas por apenas três linhas. Escrevem poemas haiku um ao outro. A simplicidade e a elegância dos versos comovem Bilodo, e ele começa a apaixonar-se por Ségolène.

Um dia, durante a ronda, o carteiro testemunha um trágico acidente. Quando Grandpré se aproxima do marco do correio para enviar mais uma carta a Ségolène, é atropelado e acaba por morrer na berma da estrada. Bilodo toma então uma decisão ousada: meter-se na pele de Grandpré e continuar a escrever a Sègolène. Durante quanto tempo poderá continuar a viver aquela mentira - e aquele amor?

Num registo intimista e tocante, Thériault explora os temas do amor, da imaginação, do sonho e das dimensões inconscientes do espírito humano. A vida peculiar de um carteiro solitário é uma história de amor apaixonante e singular no cenário prosaico de um vida profundamente enraizada na rotina.

Fonte: badana do livro

“Ségolène vivia em Pointe-à-Pitre, na ilha de Guadalupe, e escrevia regularmente a um certo Gaston Grandpré, que morava num apartamento alugado na rue des Hêtres. Bilodo andava há dois anos a intercetar as suas cartas e, de todas as vezes que encontrava uma, ao separar o correio, sentia o mesmo choque, o mesmo arrepio reverente. Enfiava silenciosamente a carta dentro do casaco, e apenas se permitia mostrar alguma emoção quando se apanhava sozinho na rua, virando e revirando o envelope, tocando na excitante promessa. Claro que podia abrir o envelope de imediato e deliciar-se com as palavras que escondia, mas preferia esperar. A única coisa que se permitia era o prazer fugaz de inalar a fragrância de laranja que se desprendia da carte antes de corajosamente voltar a guardá-la, e mantinha-a ali durante todo o dia, apertada contra o coração, resistindo à tentação, contendo esse prazer até à noite (…)”

Excerto do capítulo 3

Livro disponível para empréstimo na 
Rede de Bibliotecas do concelho de Arganil

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