Poema da recordação
Vieste, com luar e borboletas,
tecer a trança das manhãs espessas
onde as maçãs progridem, orvalhadas.
Houve gazelas, brancas à nascença…
Contigo foram, tímidas e trémulas,
a beber toda a água violeta
que coloria as rosas encarnadas.
E tu soltavas das futuras mãos
o pó das nuvens mal equilibradas,
o redondo dos astros que luziam
e um mistério confuso que escorria
do teu hálito de ave estremunhada.
Naquele tempo é que eu notei o sol.
E até hoje não vivo de mais nada.
Isabel Pulquério in Degraus da terra
Nota biográfica: Isabel Pulquério nasceu a 22 de
Novembro de 1926, em Lisboa. Iniciou-se na poesia na década de 50 concorrendo a
jogos florais e concursos literários obtendo numerosos prémios, entre os quais
o Prémio Conde de Monseraz, em 1967 e o Prémio de Manuscritos da Secretaria de
Estado da Informação e Turismo, em 1972.
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