Em 1973, os militares chilenos à força (e com o apoio de os EUA) derrubaram o presidente Salvador Allende. A junta militar tornou-se a nova forma de governo do Chile, e em 1974 Agosto Pinochet tornou-se o presidente do país, cargo que ocupou até 1990. Imediatamente após o golpe, a junta militar proibiu todos os partidos de esquerda que fizeram parte da Unidad Popular, e a sua coligação.
Luis Sepúlveda, autor de A sombra do que fomos, foi activo no governo Allende e preso em 1973, tendo sido julgado por um tribunal militar em fevereiro de 1975, e acusado de traição à pátria e conspiração subversiva, entre outros crimes.
Escapando à pena de morte, habitual em casos semelhantes, foi condenado a vinte e oito anos de cadeia. Graças à persistência da Amnistia Internacional, viu a sua pena ser comutada para oito anos de exílio na Suécia.
A sombra do que fomos é, em parte, a história das sombras que persistem desde o golpe. De acordo com o autor é “a história de exílios e gente banida, de sonhos desfeitos e ideais arruinados”.
O romance começa com a morte acidental de Pedro Nolasco, atingido pela queda de um fonógrafo, enquanto ia a caminho de um encontro com três homens na Garagem de Santiago.
Depois de terem assistido e vivido a tortura, as mortes de amigos e familiares e anos no exílio pelas suas opiniões políticas e apoio ao governo de Allende, os três amigos reencontraram-se através da internet.
Enquanto esperam por Nolasco, falam sobre os velhos tempos – a década de 1960 e os anos de activismo político na América Latina, a presidência de Allende antes do golpe, o golpe e o que aconteceu a cada um deles, bem como às suas famílias e amigos, lamentando de vez em quando a perda do antigo zelo revolucionário e o aparecimento de um Chile que eles têm dificuldade em reconhecer.
Intercalando a história dos três camaradas, Sepulveda relata a história da investigação policial sobre a morte de Nolasco.
A sombra do que fomos é uma história sobre uma geração de pessoas que realmente acreditavam numa causa e fez algo por ela, tendo sido perseguidos pelas suas crenças. É também a história de um homem que acreditava firmemente que era “a sombra do que fomos, e enquanto houver luz existiremos”.
Este livro, através das conversas dos seus protagonistas, dá ao leitor uma rápida lição sobre a história recente do Chile, sobre o golpe de 1973 e a opressão que se lhe seguiu.
O tom da narrativa apesar de dramático, é acompanhado de humor, ironia, compaixão e amor, que no fim leva o leitor a uma profunda reflexão sobre a vida. A Sombra do que fomos recebeu em 2009 o Prémio Primavera de Romance (Espanha).
Leia, porque ler é um prazer!
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