quarta-feira, 9 de setembro de 2015

100 anos de "A Metamorfose" de Franz Kafka

Capa da 2ª edição de A Metamorfose
O livro A Metamorfose não podia começar de maneira mais crua e estranha: “certa manhã, ao acordar de sonhos inquietos, Gregor Samsa viu-se transformado num gigantesco insecto.” Franz Kafka introduz assim a história de Gregor Samsa, um incansável caixeiro-viajante que sustenta os pais e a irmã, que se entregam descaradamente à ociosidade. 

Parasitado pela família até àquela manhã em que ao acordar, já atrasado para o trabalho, viu uma carapaça dura, uma barriga castanha abaulada e muitas pernas magrinhas, Gregor Samsa é quem parasitará a família a partir daí. 

Mas esta obra conta mais do que a história de um homem que acordou insecto: fala de como o ser humano pode viver alienado pelo trabalho, o dever familiar ou pela austeridade do pai, e alerta para os comportamentos humanos. Ao mesmo tempo, reflecte alguns aspectos da vida do autor.

Franz Kafka escreveu a Metamorfose em apenas três semanas, em finais de 1912, quando tinha 29 anos. Não gostou do resultado, que considerou imperfeito e com final ilegível. O certo é que, 100 anos após a publicação pela primeira vez desta obra é uma das mais conhecidas do escritor checo. (…)

Um acontecimento tão insólito como seja a transformação de um homem em insecto é relatado de forma tão realista, apesar de impossível, que o leitor aceita-o como factual e é forçado a procurar sentidos mais profundos. O que causou então a metamorfose do caixeiro-viajante, que o levou a perder a figura humana e a ficar com a voz roufenha de animal, a gostar de comida apodrecida, a rastejar pelas paredes e pelo tecto, e a ver cada vez menos? Desengane-se o leitor se está à espera de encontrar uma resposta explícita – o que está lá é uma metáfora de muitas coisas.”

Excerto do Guia de Leitura da Colecção Mil Folhas - Público 

Franz Kafka nasceu em 1883, como cidadão austríaco, em Praga, onde viria a falecer, em 1924, já com nacionalidade checa. Pouco publicou em vida e pouco deveria ter chegado às nossas mãos, uma vez que antes de morrer pediu ao seu amigo Max Brod que queimasse todos os seus manuscritos. Tal não aconteceu, o que fez com que Kakfa se tornasse um dos grandes vultos da literatura de expressão alemã e da literatura universal. 

Obra:

Em vida do autor foram publicados os contos: Reflexão (1913); O Fogueiro (1913); América, 1.° capítulo (1913); A Metamorfose (1916); A Sentença (1916); Na Colónia Penitenciária (1919); Médico de Aldeia (1919); Jejuador (1924, ano da sua morte). 

Depois da morte do escritor, e graças à dedicação e ao interesse de um seu amigo, o romancista checo Max Brod (1884-1968), foram publicados os romances Processo (1925); O Castelo (1926); e América (1927); e o conto Na Construção da Muralha da China (1931). Da obra literária de Franz Kafka fazem ainda parte um Diário íntimo e a Carta ao Pai, que constituem documentos de importância fundamental para o mundo literário do século XX.

Nota: Durante o mês de Setembro está patente na sala de adultos da Biblioteca Municipal de Arganil uma pequena mostra sobre o autor e a sua obra. Visite-nos para descobrir mais.

Leia, porque ler é um prazer!

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