quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Novidade na Biblioteca: Os caçadores de livros de Raphael Jerusalmy


No final da Idade Média, pouco depois da invenção da prensa de Gutenberg, uma misteriosa conspiração tenta vencer o obscurantismo da Igreja Católica, difundir a liberdde de pensamento e contrariar os limites da Inquisição.

Bandido, poeta e espírito livre, François Villon apodrece nos cárceres à espera da execução. Quando recebe a visita de um emissário do rei francês, está longe de esperar mais do que uma última refeição. No entanto, aceita uma missão secreta para recuperar uns manuscritos escondidos em Jerusalém, incluindo o alegado testamento de Jesus.

Antes, porém, tem de convencer um destacado impressor a instalar-se em Paris para facilitar a circulação das ideias progressistas reprovadas por Roma. Trata-se de um primeiro passo num caminho difícil que o levará, juntamente com Mestre Colin, o fiel acólito e salteador, ao submundo da Terra Santa, onde impera um complicado jogo de alianças, conspirações e contra conspirações.

Intenso como um romance de aventuras, vivo e astucioso como uma farsa que brinca com a história das ideias, repleto de mistérios e peripécias, Os caçadores de livros combina a narrativa e a sátira de Cervantes e o suspense de Umberto Eco.

Fonte: badana do livro

Excerto

“(…) Chartier pois de novo o copo e despede-se bruscamente. A sua túnica flutua por um momento na moldura da porta antes de ser aspirada pela penumbra. Villon julga ter sonhado. Com que então, irá escapar à força? Poderá fiar-se na palavra de um intriguista de sacristia? Tem de se manter em guarda. Mas, por um repasto tão copioso, vale bem a pena pactuar com o diabo em pessoa.
Um resto de guisado de carne nada no fundo da terrina. Já morno. As velas apagam-se de manso. François aproveita para surripiar a faca do pão e duas colheres de prata, que esconde nos seus andrajos.
Continuando especado no limiar, o carcereiro boceja de fadiga. Lá fora, uma névoa preguiçosa alça-se acima das muralhas. O friso das ameias desenha-se com nitidez, livre do seu véu de geada. Os primeiros pios das corujas fazem-se ouvir sobre o telhado da torre de menagem. Ao longe, um campanário toca as matinas.
François Villon não escreveu ainda a sua última balada.”

Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil

Leia, porque ler é um prazer!

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