Percurso de vida
Já lá vai distante o tempo
O tempo em que eu nasci
Numa família numerosa
Poucos olhavam por mim.
Fui crescendo
Andei descalço
Calcorreei montes e vales
Fui pastor, fui lavrador
Fui criada de servir
Fui criança sem o ser
Pois precisava trabalhar
Pra poder sobreviver
Mas sempre soube sorrir!
Nos invernos rigorosos
Calquei gelo, calquei neve
andei à chuva
Passei frio,
era fraco o agasalho!
Fui moço de fretes
Ou outras coisas que tais
Mas sempre me preocupei
com a vida dos meus pais.
Pela escola passei
Num passo acelerado
Pois na época era importante
Ser pastor, guardar o gado.
O gado de onde vinha
O sustento para a casa
E aprender a ler
Não era coisa estimada.
Se se era rapariga
Pior era a situação
Ser criada de servir
Era sempre uma solução.
Ir à escola para quê?
Mulher disso não precisava
Tinha de cuidar da casa
E na costura trabalhava.
Casar novo era então
Muitas vezes a solução
Construir família
E deixar a casa do patrão.
Tempos difíceis foram esses
E de muitas gerações
Que fizeram grandes homens
Que hoje, são para os mais novos lições!
Neste percurso de vida
cada um é uma lição
dum livro não completo
onde com imaginação
escrevemos um passado
que para muitos é recordação.
Felizes de vós
Que podeis recordar
Os tempos que já lá vão
E tendes para vos
cuidar
O Lar essa bela instituição!
Se de novo não partimos
E à velhice chegamos
Que sejamos bafejados
Pelo carinho dos que amamos!
Graça Moniz, 27 de Janeiro de 2016
Poema lido no Encontro Anual de Idosos que se realiza no âmbito do Projecto Leitura de Memórias e Bibliotecas com a Terceira Idade
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