terça-feira, 18 de agosto de 2009

Recordando Adolfo Simões Muller


Adolfo Simões Muller (Lisboa, 18.8.1909 – ibid., 17.4.1989)


Adolfo Simões Muller nascido em Lisboa a 18 de Agosto de 1909 foi poeta, contista, tradutor literário e jornalista.

Estreou-se como escritor, em 1926 com o livro de versos Asas de Ìcaro. No entanto, foi a literatura infantil que o celebrizou, tendo escrito obras como Caixinha de Brinquedos, em 1937 e O Feiticeiro da Cabana Azul, em 1942, ambas galardoadas com o Prémio Nacional de Literatura Infantil.

Trabalhou no secretariado Nacional da Informação e na Emissora Nacional e foi produtor de diversos programas para a rádio, tendo sido o autor do primeiro folhetim de rádio As Pupilas do Senhor Reitor.

Foi secretário de redacção do jornal Novidades, fundador e director até 1941 do jornal infantil O Papagaio e director do Diabrete.

Adolfo Simões Müller desempenhou, sobretudo nos anos quarenta e cinquenta, uma notável acção pedagógica em Portugal quer através das biografias que publicou na colecção “Gente Grande para Gente Pequena” por ele dirigida, quer através das adaptações, dirigidas a um público infanto-juvenil, que fez de grandes clássicos da literatura portuguesa e universal, tais como Os Lusíadas, A Peregrinação ou a Morgadinha dos Canaviais.

Em 1982 foi distinguido com o «Grande Prémio de Literatura Infantil» da fundação Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra.

Adolfo Simões Muller faleceu a 17 de Abril de 1989, e no ano seguinte a Editorial Verbo instituiu um prémio com o nome do escritor, como homenagem à memória desse grande vulto da literatura infantil e como estímulo à revelação de novos autores.


Para saber mais consulte:

site da DGLB
Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura : Edição Sec XXI. Lisboa ; Sao Paulo, imp.1998. ISBN 972-22-1850-6
Biblos : Enciclopédia Verbo das Literaturas de Lingua Portuguesa. [Lisboa] : Verbo, 1995.

No tempo em que os homens falavam

Quisera uma palavra virginal,
uma palavra em flor, novinha em folha
- minha, para meu uso pessoal,
em vez dos mil milhões que tenho à escolha…

As palavras perderam o sentido,
perderam os sentidos, num desmaio…
Se a gente pensa corpo, diz vestido;
e se diz música é trovão e é raio!

Depois, sabe-se tudo. Porco é tó…
Chefe etíope é rãs… Amor e ódio
são sinónimos… Letras grega? É ró…
N-A é o símbolo do sódio…

Ai as palavras cruzam-se no espaço
(só o que é surdo e cego o não descobre):
eléctricos fluviais, ponto e traço
- como nos versos de António Nobre.

Há-de chegar um dia… Dor secreta:
onde li isto? Assim se gera o plágio.
Há-de chegar um dia que o poeta,
Impassível, assista ao seu naufrágio.

Nesse mundo sem versos e sem alma,
lembrar-se-á (allegro ma non troppo…)
quando os homens falavam: doce e calma
era de fábula, de Fedro e Esopo.
In: Moço, Bengala e Cão


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