segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um livro que ainda não li!

O livro é um organismo vivo. Quando está na estante, ele permanece apenas um conjunto de folhas de papel com tinta. Todavia, logo que se abre ganha vida e passa a ser o companheiro de horas boas quando a leitura é agradável, ou de horas difíceis quando a leitura é por obrigação. Num caso e no outro ele transmite ideias, conhecimento, sonho, tristeza, alegria; faz-nos rir ou chorar; contagia-nos com a boa disposição e leva-nos a ver o mundo com outros olhos.

Os escritores, aqueles seres que têm a rara capacidade de saber usar as palavras certas no sitio certo para transmitir todos os sentimentos que o homem é capaz de sentir, têm também a rara virtude de viver para além da vida mortal. Lemos Hemingway e é como se ele fizesse ainda parte do mundo dos vivos; quando abrimos um livro de Sophia de Mello Breyner não nos lembramos que ela já partiu, o livro é o mesmo e as suas palavras têm a mesma força. Isto acontece porque as palavras são imortais e quem as escreve e as sabe escrever bem, torna-se também imortal.

Este raciocínio leva-me a discorrer sobre a actualidade da escrita de ficção e pensar qual é a diferença entre os livros já com alguns anos de edição, que nunca lemos e os livros recentemente publicados que gostaríamos de ler.

A verdade é que nunca conseguiremos ler tudo aquilo que queremos. Verdade que nos últimos anos a velocidade editorial aumentou significativamente, o que torna a coisa ainda mais difícil, mas é também verdade que muitas vezes corremos a comprar a última novidade do autor X ou Y e a leitura se torna uma enorme desilusão. O contrário também acontece quando numa qualquer biblioteca nos deparamos com o “chamamento” de um livro que encontramos num corredor de estantes. Já foi editado há uns anos, mas ainda não o lemos. O título, o autor, a capa, a sinopse faz-nos escolher aquele livro para levar para casa e ler. Quantas vezes encontramos nesse livro o prazer que não encontramos noutros bem recentes?

Essa é a grande riqueza da literatura, não passar de moda, poder reviver sempre que a solicitamos e proporcionar-nos o prazer da leitura.

Margarida Fróis

1 comentário:

  1. Quando se lê por prazer, a leitura torna-se intemporal!

    Boas leituras!

    Miri

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